Autoridades de saúde isolam mais de 100 pessoas que tiveram contato com o vírus hemorrágico mortal detectado perto da fronteira com o Sudão do Sul.
A Etiópia confirmou três mortes ligadas ao vírus Marburg no sul do país, enquanto as autoridades de saúde correm para conter um surto da doença hemorrágica mortal que colocou as nações vizinhas em alerta máximo.
O Ministro da Saúde, Mekdes Daba, anunciou as mortes na segunda-feira, três dias depois de o governo ter declarado oficialmente um surto na região de Omo, na fronteira com o Sudão do Sul.
Testes laboratoriais confirmaram três mortes causadas pelo patógeno semelhante ao Ebola, enquanto outras três mortes com sintomas da doença estão sob investigação, disse o ministro em um comunicado divulgado pela emissora estatal EBC.
A rápida disseminação dos casos desencadeou medidas urgentes de contenção em toda a região.
A Etiópia isolou 129 pessoas que tiveram contato com pacientes confirmados e as está monitorando de perto, enquanto o Sudão do Sul emitiu alertas de saúde, recomendando aos moradores dos condados fronteiriços que evitem o contato com fluidos corporais.
Os sintomas iniciais incluem febre alta, fortes dores de cabeça e dores musculares, seguidas de vômitos e diarreia. Em casos graves, os pacientes desenvolvem hemorragias pelo nariz, gengivas e órgãos internos.
As autoridades etíopes detectaram o vírus pela primeira vez na quarta-feira, na região de Jinka, após receberem alertas sobre uma suspeita de doença hemorrágica. Os funcionários testaram 17 pessoas, identificando pelo menos nove infecções antes de confirmarem as primeiras mortes.
Daba afirmou que o trabalho para controlar rapidamente o surto por meio de uma resposta nacional coordenada está em andamento. O governo ativou centros de resposta a emergências em vários níveis e enviou equipes de resposta rápida para as áreas afetadas, disse ela.
A ministra etíope acrescentou que nenhum caso sintomático ativo está sendo tratado no momento.
A Etiópia estabeleceu sua própria capacidade de testes laboratoriais para o vírus de Marburg no instituto nacional de saúde pública, permitindo que as autoridades realizem diagnósticos de forma independente, em vez de dependerem exclusivamente de apoio externo.
A ministra pediu que qualquer pessoa que apresente sintomas procure atendimento médico imediato em unidades de saúde.
Equipes internacionais de saúde da Organização Mundial da Saúde e dos Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças chegaram para apoiar os esforços de contenção.
O Ministério da Saúde também lançou uma campanha de conscientização pública, distribuindo infográficos em amárico detalhando os sintomas e as medidas de prevenção, e estabelecendo uma linha direta para o relato de casos suspeitos.
O vírus de Marburg se espalha por contato direto com fluidos corporais infectados ou materiais contaminados.
O vírus mata, em média, cerca de metade dos infectados, embora as taxas de mortalidade tenham chegado a 88% em surtos anteriores, de acordo com dados da OMS.
A agência de saúde da ONU alerta que os profissionais de saúde são especialmente vulneráveis à infecção pelo vírus “por meio do contato próximo com pacientes quando as precauções de controle de infecção não são rigorosamente praticadas”.
O surto na Etiópia amplia um padrão preocupante de emergências de febre hemorrágica em toda a África Oriental.
Um surto de Marburg na Tanzânia causou 10 mortes entre janeiro e março deste ano, enquanto Ruanda encerrou seu primeiro surto registrado de Marburg em dezembro passado, com 15 mortes causadas pelo vírus.
Ruanda testou uma vacina experimental durante sua resposta ao surto.
A diretora-geral do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África (Africa CDC), Jean Kaseya, expressou particular preocupação com o potencial de contágio no Sudão do Sul, citando a frágil infraestrutura de saúde do país como uma grande vulnerabilidade no controle da transmissão transfronteiriça.