Ricardo Salgado, secretário de Planejamento Estratégico de Honduras, afirmou que o país sofreu uma nova forma de golpe de Estado após a proclamação do candidato de direita Nasry Asfura como presidente de Honduras pelas duas conselheiras do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) pertencentes ao sistema bipartidário hondurenho: Ana Paola Hall García e Cossette Alejandra López.
Em 24 de dezembro, as duas conselheiras do CNE declararam Asfura vencedor das eleições de 30 de novembro, sem concluir a recontagem especial ou resolver as contestações apresentadas em resposta às inúmeras irregularidades relatadas.
Em um comunicado divulgado na sexta-feira, 25 de dezembro, referindo-se à grave interferência dos EUA e às manobras externas que afetaram o processo democrático, Salgado acusou o presidente dos EUA, Donald Trump, e forças fascistas de implementarem “todas as formas possíveis de fraude” em uma “operação psicológica e militar sem precedentes”.
“O fascismo, impulsionado pelos gusanos de Miami e por Donald Trump, realizou uma operação psicológica e militar sem precedentes em Honduras”, afirmou, acrescentando que a esquerda hondurenha teve que lutar não contra partidos de direita, mas “contra o império e todas as forças fascistas do mundo hispânico”.
“Todas as formas de fraude existentes foram aplicadas simultaneamente, juntamente com novas técnicas”, declarou o oficial, argumentando que não se pode considerar que o eleitorado hondurenho tenha sido convencido por Asfura, visto que ele “não fez campanha” e foi apelidado de “candidato silencioso”.
Salgado minimizou o papel dos dois conselheiros do Conselho Nacional Eleitoral, alegando que sua participação é insignificante em comparação com o “implantação imperialista” que afetou os povos do continente. Até mesmo a oligarquia local, argumentou, foi tornada “insignificante” pela operação.
Além do apoio explícito de Donald Trump a Nasry Asfura antes das eleições, o governo dos EUA ameaçou impor sanções econômicas caso seu candidato preferido não vencesse. Enquanto isso, milhões de mensagens de texto foram enviadas a destinatários de remessas, alertando sobre possíveis perdas caso o candidato de Trump não vencesse.
Salgado enfatizou a necessidade de “analisar completamente o que aconteceu, porque uma nova forma de golpe de Estado está sendo imposta, e a falta de resolução do suposto vencedor em defender a vontade do povo apenas reflete sua cumplicidade e o fato de que ele sempre fez parte do plano”.
“Se aprendermos bem a lição de Honduras, isso poderá ser interrompido mais cedo do que qualquer um imagina”, comentou.
A declaração de Asfura, o candidato apoiado publicamente por Donald Trump para a presidência, ocorre em meio a sérias alegações de irregularidades durante a apuração dos votos, forte interferência estrangeira e uma conspiração orquestrada antes das eleições de 30 de novembro.
As denúncias foram apresentadas pelo Libre e pelo Partido Liberal, bem como pelo conselheiro do CNE, Marlon Ochoa, que, entre outras questões, contestou a recusa dos outros dois conselheiros em realizar uma recontagem voto a voto.