Um animal pouco comum despertou curiosidade e atenção em uma praia do litoral paulista: o dragão azul, uma espécie de lesma marinha que impressiona tanto pela sua beleza exótica quanto pelo perigo que representa ao ser humano.
Segundo Luiz Ricardo Simone, professor e doutor em Zoologia pela USP, o dragão azul é conhecido cientificamente como uma “lesma do mar”. Ao contrário de outras lesmas, essa espécie não rasteja no solo, mas se desloca flutuando nas águas do oceano, completamente dependente dos movimentos do mar. Caso o animal seja levado pela correnteza até a areia e a maré não o resgate de volta, ele dificilmente sobrevive.
Apesar do visual encantador, o dragão azul não é venenoso por natureza. O grande risco está em seu hábito alimentar: ele se alimenta principalmente de caravelas portuguesas, seres marinhos famosos por sua potente toxina. Ao consumir esses organismos, o dragão azul consegue armazenar em seu próprio corpo as substâncias urticantes das presas, potencializando o efeito. Por isso, qualquer contato direto pode resultar em queimaduras sérias, pois o animal libera o veneno acumulado de forma ainda mais intensa.
É importante diferenciar as caravelas portuguesas das águas-vivas comuns. Embora visualmente parecidas, as caravelas podem apresentar tentáculos que chegam a 50 metros de comprimento e provocam queimaduras de até terceiro grau. Mesmo sendo tão pequenas — um dragão azul adulto mede entre 3 e 5 centímetros —, essas lesmas conseguem se alimentar dessas criaturas gigantes e armazenar seu veneno.
Diante desse cenário, especialistas recomendam que, caso alguém encontre um dragão azul na praia, o melhor a fazer é não tocar no animal e apenas observar, evitando qualquer risco de acidente. Segundo Gemany Caetano, pesquisadora do Museu de Zoologia da USP, o animal deve ser admirado à distância, tanto por sua beleza quanto por respeito à biodiversidade.
O registro recente aconteceu em uma praia de Bertioga, durante um período de ressaca do mar, quando as ondas ficam mais fortes e podem arrastar seres marinhos para a costa. A arquiteta Dalma Mesquita Ferreira, que caminhava recolhendo lixo na praia, avistou o dragão azul graças às suas cores vibrantes. Antes de devolvê-lo ao mar, ela fotografou o animal e enviou a imagem para seu filho Rafael, que compartilhou o registro nas redes sociais.
A aparição do dragão azul reforça a importância do respeito à natureza e do cuidado ao lidar com espécies desconhecidas, especialmente em momentos em que fenômenos naturais alteram a dinâmica do litoral.